Trabalho bastante.
Cumpro o que os
moralistas da ação chamariam o meu dever social.
Cumpro esse dever, ou essa
sorte, sem grande esforço nem notável desinteligência.
Mas, umas vezes em pleno
trabalho, outras vezes no pleno descanso
que, segundo os mesmos moralistas,
mereço e me deve ser grato,
transborda-se-me a alma de um fel de inércia,
e
estou cansado, não da obra ou do repouso, mas de mim.
Bernardo Soares
Fernando Pessoa
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