sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Carta de Amor


Carta de Amor encontrada no Setor de “Achados e Perdidos” do Metro de São Paulo.

Rio de Janeiro, 10 de maio de 1930

Estive esta noite meditando longamente sobre a história do nosso amor. História complicada, cheia de lances trágicos, um verdadeiro romance.
                Nós podemos nos considerar felizes e dizemos que de fato nos amamos.
                Tudo procura nos separar e nosso imenso amor, nascido espontaneamente em nossos corações, é alimentado pelo desinteresse e pela sinceridade de nossas almas, minado pelo nosso grande afeto, cresceu e tornou-se essa inexpugnável fortaleza que a tudo resiste com galhardia.
                Invejas, tristezas, desgostos e contrariedades, tudo vem morrer de encontro à muralha maciça e inatingível do nosso amor, cujos alicerces, cavados na rocha viva da sinceridade, resistem às tempestades da maledicência e ao assopro dos ventos maus dos invejosos.
                Não é como quase todos os amores, cujas bases assentadas na areia do interesse e da hipocrisia, ao menor sopro se desfazem.
                Carol, és o meu ídolo, para você são todos os meus pensamentos, todas as minhas esperanças, e se algum dia eu sucumbir sem conseguir realizar o meu ideal, quero que você sempre tenha um pensamento para este que teve por você um tão grande amor, e que na eternidade continuará a te amar sempre com mais amor.
                Sofro porque não posso te ver a todo instante, sentir o bafo quente e perfumado de tua boca, ouvir a tua voz cristalina e nobre, mirar o teu corpo esbelto e flexível de fidalga.
                Tenho esperança em Deus que este sofrimento em breve terá um fim.
                Beijo-te carinhosamente.
                               Teu
                                               Altair

Matéria publicada na Revista do jornal “Diário Popular”e depois exibida no Jornal São Paulo Já (atual SP-TV) de 1992 que encontrou a dona da carta, dona Carol.


Fonte: Cartas de Amor Eternas e Ternas, Rosa Maria Mijas Beloto

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